-Tá mas e aí, como fica…
– Como fica o que, porra?
-O texto, como fica o texto, preciso escrever isso pra ontem.
-Ah sim, o texto. Então boy, nessa aí tu vai ter que se virar, não faço ideia de como eu posso te ajudar.
-Pô bixo, mas não foi tu que ficou de desenrolar essa pra mim?
-Sim, mas tu queres que eu faça o que? Não sei nem sobre o que tu quer escrever.
-Sobre isso.
-Como assim sobre isso? Isso o que?
-Texto, eu quero escrever o texto sobre texto, tá bem confuso e eu não sei como vou fazer, não queria fazer de qualquer jeito, mas tem que fazer, tem que fazer de todo jeito. É muito subjetivo escrever sobre algo assim.
-Entendi, quer dizer, acho que entendi. Tu quer falar sobre como é escrever o texto? Gramática, regras de português e tal ou um lado mais filosófico da coisa?
-Não, não, caralho como eu posso te explicar… mais ou menos, é tipo… justamente sobre a dificuldade pra conseguir escrever, essa trava. Mas eu tô travado no texto que fala sobre não conseguir escrever o texto. Deu pra entender?
-Meu irmão, mas tu é muito viajado, como é que tu quer escrever sobre um tema tão nada a ver desses? Não sei nem se tem como tu botar isso pra o papel, mas tu já tem alguma ideia?
-A ideia é essa.
-Entendi, mas tu já tem algo correndo na tua cabeça?
-Tem, justamente algo parecido com isso aqui que a gente tá falando.
-Mas tu não acha bizarro não?
-Acho muito, mas a intenção é essa.
-E como é que tu vai fazer?
-Valeu mesmo, acho que ficou bom.
-Ficou bom? Como assim?
– O texto.